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A Umbanda e a pressa

Tem uma cantiga de Umbanda que diz mais ou menos assim: "Pisa na Umbanda, pisa devagar, afirma o pensamento que é pra não tombar". Eu particularmente amo os pontos bem antigos da Umbanda, e se a gente pensar sobre esse ponto podemos tirar uma lição muito importante: não adianta ter pressa quando se trata de Umbanda.


É muito comum atualmente as pessoas entrarem na religião e em seis meses já quererem estar prontos para atender, incorporando lindamente e falando com propriedade sobre tudo que envolve Umbanda. Pois bem... isso é resultado de algo que a ciência chama de "efeito Dunning-Kruger". Resumidamente, esse efeito leva pessoas que possuem pouco conhecimento sobre um assunto a acreditarem que sabem mais do que outras que estão verdadeiramente mais preparadas. E é aí que mora o perigo, porque se alguém dentro da Umbanda tem esse tipo de postura, uma das raízes da relação com a religião, que é o autoconhecimento, fica estremecida. Quem já chega achando que sabe de tudo não se dá a oportunidade de perceber seu próprio erro, e por consequência insistir em pensamentos que não são verdade. E errar é belo! Quem nunca consegue perceber seu erro está muito atrás daquele que sabe onde errou mesmo que erre milhares de vezes.


O processo de chegar na Umbanda devagarinho, aproveitar todos os passos até atingir a maturidade mediúnica é essencial para a proposta da Umbanda como ferramenta de transformação do indivíduo. Atropelar os processos faz com que a gente não cresça pouco a pouco e de maneira sólida, mas fique dando saltos até chegar o momento em que as nossas pernas não vão aguentar mais, porque o peso é maior do que podemos suportar. Não porque a vida é cruel, mas porque a gente buscou isso sem ter o devido preparo. Se a nossa curva de aprendizado não é linear, o preço é o tombo quando menos se espera.


As pessoas que eu mais vejo dando valor pra cada passo são justamente aquelas que já passaram por alguns deles, que não voltam mais. Que saudade que eu tenho daquele momento do meu desenvolvimento em que eu estava conhecendo os meus guias, a emoção da primeira gira dentro da corrente... a primeira incorporação, a evolução da relação com os guias durante o tempo.... isso tudo dá uma saudade enorme.


Nem tanto lá, nem tanto cá.


Nem achar que estamos totalmente prontos em seis meses, nem permanecer na Umbanda 20 anos e não utilizar o ensinamento dos guias na nossa vida. Esses dois polos são igualmente prejudiciais pra gente.

Essa é a sabedoria dos pretos velhos: devagar e sempre. Vamos olhar pra eles e nos espelharmos. Trazer essa paciência e calma no processo pra que cada dia tenha sua beleza no processo


do aprofundamento na Umbanda. É também a sabedoria dos caboclos, que miram com cautela, pra atingirem seu objetivo com uma flecha só. Que a gente aprenda sempre e cada vez mais a não ter pressa... mesmo no mundo tão apressado como o nosso atualmente.


A Umbanda é simples, e nessa simplicidade reina uma profundidade imensa que passa despercebido aos olhos de quem não presta atenção. Ao invés de mirar lá longe, num objetivo final, presta atenção no caminho. É o caminho que muitas vezes trás os frutos que a gente queria pro final da caminhada.


Um beijo, e até a próxima!


Stephani Scatolini






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